IMÓVEIS USADOS LIDERAM RECUPERAÇÃO DO MERCADO

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A recuperação do mercado imobiliário está sendo puxada pelos imóveis usados. Em 2019, o financiamento desse tipo de unidade cresceu 77%, enquanto o de novos caiu 7%, segundo dados da ABECIP (Associação de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). O descompasso levou a uma inversão da tendência -observada nos anos de crise, quando os novos superaram os usados em todos os anos, chegando a uma diferença de quase R$ 9 bilhões em 2016. Historicamente, o financiamento de usados supera o de novos porque a oferta naquele é cerca de três vezes maior.

Isso só mudou durante a crise porque havia uma superoferta de novas unidades em um momento econômico ruim. Nesse cenário, as incorporadoras adotaram uma estratégia agressiva de vendas e descontos para conseguir escoar seus estoques, o que tornou os lançamentos mais atrativos para o consumidor em comparação com os usados.

Ao mesmo tempo em que buscava vender as unidades prontas, o mercado pisou no freio de novos projetos, reduzindo assim o número de lançamentos nos anos seguintes.

Embora o mercado esteja se recuperando, o preço dos imóveis está longe de alcançar o mesmo patamar que estava em 2014, antes da crise. Entre os imóveis usados, o valor ainda está em média 80% do que era há seis anos. Outro fator que pode ter contribuído para o aumento de 77% do financiamento de usados é o leilão extrajudicial de imóveis. O número de imóveis leiloados desse modo em 2018 e 2019 mais que triplicou em relação a 2016. Isso ocorre porque o crescimento da inadimplência no período de crise levou a um aumento das execuções de imóveis usados como garantia pelos bancos, que em seguida leiloaram esses ativos.

O aquecimento recente entre os usados, no entanto, não é generalizado, mas limitado ao segmento de imóveis acima de R$ 1,5 milhão. A expectativa para este ano é que a tendência se mantenha, com o mercado de usados -especialmente os de alto padrão- em alta, dado que os estoques das incorporadoras devem seguir reduzidos.