NOVAS NECESSIDADES DE MORADIA AGITAM MERCADO DE VENDA E LOCAÇÃO IMOBILIÁRIA DURANTE PANDEMIA

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A pandemia do novo coronavírus forçou as pessoas a ficarem em casa e dividirem o tempo e o espaço entre trabalho e família, só que nem sempre com uma estrutura adequada para isso. E ao invés de esperar a Covid-19 passar, muita gente tem se adiantado, feito as contas e buscado outro imóvel para morar, esse sim atendendo às necessidades que foram forjadas nesse período: área para deixar sapatos, cômodo específico para trabalhar, sacadas em apartamentos para ver e sentir o mundo lá fora, comércio e serviços próximos e espaço externo para a criançada e os cachorros gastarem energia. 

A busca pelo imóvel ideal começou logo após a pandemia chegar para valer no Brasil, em março. Um movimento que surpreendeu o setor imobiliário, que já imaginava um 2020 perdido, mas que tem conseguido se manter e mesmo crescer em um momento de incerteza econômica. Seja para comprar ou para alugar, as novas necessidades dos clientes têm colocado construtoras, corretores e imobiliárias para trabalhar em um ritmo acima do esperado.

De acordo com a pesquisa “A influência do coronavírus no mercado imobiliário brasileiro – 3ª Onda”, conduzida pelo DataZAP, do Grupo ZAP, a busca por imóveis aumentou 21% desde o início da pandemia no país. E as características principais desse novo imóvel desejado têm ligação direta com o momento de distanciamento social. Sete em cada dez entrevistados disseram que morar em um imóvel com ambientes mais divididos passou a ser importante ou muito importante. Além disso, 60% das pessoas passaram a considerar importante viver em espaços com vista livre e varanda, e que estejam próximos a comércios e serviços.

“Muita gente que não fazia home office de modo algum passou a fazer. E isso muda as necessidades de moradia. Com a possibilidade de o home office se estender por mais tempo, acaba mudando a relação da pessoa com o local onde mora”, explica a economista do Grupo ZAP, Deborah Seabra. “No curto prazo já percebemos que vai perdurar por algum tempo essa mudança de comportamento, que busca ambientes mais bem divididos, com mais privacidade, com varanda e vista livre, que é o contato com o mundo externo”, reforça.

Um ambiente específico para home office se tornou um desejo de quem precisou passar a trabalhar em casa, principalmente para aqueles que tiveram de improvisar, montando a estação de trabalho na mesa de jantar ou no balcão da cozinha. Ou pior, precisando trabalhar no sofá. Além das dores no corpo e redução na produtividade, não há privacidade ou isolamento sonoro da confusão das crianças.

NOVAS TENDÊNCIAS

Mais que apenas produtividade no trabalho, a qualidade de vida se tornou um fator preponderante e um estímulo para buscar um imóvel mais adequado. E muitas pessoas só vão conseguir encontrar isso em uma casa, não só com espaço interno bem dividido, mas principalmente pela área externa que atenda também às necessidades das crianças. Por essa razão que o mercado imobiliário tem percebido uma busca maior e uma migração mais rápida de apartamentos para casas. Nas casas ou em apartamentos, a expectativa do setor é que os novos projetos sejam diferentes dos atuais, exatamente para irem ao encontro do que se espera do mundo pós-pandemia.

Mas o que é uma tendência agora não necessariamente seguirá assim pelos próximos meses ou anos. O home office, que é uma realidade hoje, pode deixar de ser com as empresas voltando ao ritmo normal. Além disso, em breve as crianças devem retornar às escolas, deixando a casa vazia por várias horas do dia. Por essa razão, ainda é difícil projetar como a pandemia afetará o mercado imobiliário a médio e longo prazos.