O boom do mercado imobiliário de alto padrão

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O mercado brasileiro de imóveis de luxo tem algumas características peculiares. Ele independe do crescimento do país e, de tempos em tempos, apresenta forte expansão — mesmo se os indicadores econômicos estiverem no caminho oposto. É isso o que se vê agora.

Especialistas relatam que há vendedores negando ofertas antes vistas como irrecusáveis. Por exemplo, o proprietário de uma casa de 15 milhões não está tão interessado em negociá-la, porque considera que depois não terá onde investir a quantia”, afirma a especialista. Essa é uma das explicações que justificam a intensa procura por imóveis de altíssimo padrão. Com a taxa Selic nos níveis mais baixos da história, aplicações tradicionais de renda fixa deixaram de ser atrativas. Na renda variável, o risco é elevado, especialmente em um cenário de pandemia e com incertezas sobre a capacidade de recuperação da economia no futuro próximo. Sem ter para onde correr, os muito ricos compram, portanto, imóveis. As fronteiras fechadas, que bloquearam viagens e dificultaram investimentos no exterior, também estimularam o segmento. Um terceiro fator é o avanço irrefreável do home office. Com a perspectiva de trabalhar em casa, profissionais bem-sucedidos — aqueles obviamente que ganham mais — resolveram investir em moradias. Junte tudo isso e o resultado é um mercado em ascensão como poucas vezes se viu no Brasil.

O home office desencadeou outro fenômeno: a busca por casas de campo ou até mesmo no litoral. A procura por imóveis desse tipo acelerou 63% durante a pandemia. O coronavírus despertou a necessidade de conforto. Essa tendência se intensificou ainda mais no alto padrão. É o executivo, ou empresário, que mal parava em casa e hoje descobriu que pode curtir o espaço doméstico e ainda trabalhar nele.

Dados consolidados mostram que a tendência das moradias maiores começou em 2019 dando um boom em 2020, onde o mercado como um todo cresceu. No Brasil, de acordo com informações da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), os contratos fechados avançaram 10,5% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2019. A alta expressiva da demanda resulta na valorização dos imóveis. A depender da região do país, os preços subiram entre 5% e 10%. Não à toa, imobiliárias esperam por balanços positivos no terceiro trimestre. O luxo é chique, desde que tratado com modéstia e respeito, mas, acima de tudo, pode ser extremamente rentável.