Veja comparativo das taxas de juros cobradas pelos bancos para financiamento de imóveis

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A Caixa Econômica Federal anunciou na quarta-feira (5) uma redução nas suas taxas de juros do financiamento para compra de imóveis, mas os novos índices não são necessariamente os menores do mercado.

Desde o ano passado, os juros cobrados pelos principais bancos nas linhas financiadas com recursos da caderneta de poupança tem se mantido mais próximos, em meio a um cenário de recuperação ainda lenta do mercado imobiliário.

A expectativa do mercado é que o movimento da Caixa possa abrir espaço para mais reduções nos outros grandes bancos, que nos últimos dois anos passaram a ter maior protagonismo nos financiamentos imobiliários com recursos da poupança, acirrando a concorrência com o banco estatal.

Até o momento, nenhum outro banco anunciou a intenção de também baixar suas taxas no crédito imobiliário.

Veja abaixo o comparativo das taxas mínimas anunciadas pelos bancos nas principais linhas de crédito imobiliário:

Vale lembrar que as taxas anunciadas pelos bancos são as mínimas, e que, para conseguir juros mais baixos, o tomador do crédito precisa quase sempre aceitar uma série de condições, sobretudo maior relacionamento com a instituição financeira. O nível e o tempo de relacionamento com o banco, valor do imóvel, bem como o perfil e renda do consumidor também costumam influenciar diretamente os juros cobrados pelos bancos.

Além da taxa de juros, devem ser considerados também na hora da escolha do financiamento os seguros obrigatórios, o sistema de amortização utilizado (SAC ou Tabela Price), além do pacote de serviços exigidos pelo banco para garantir a taxa ofertada.

Taxa média do mercado segue acima de 9%

Segundo dados do Banco Central, os juros médios de mercado para financiamento imobiliário foram de 9,3% ao ano em abril (último dado disponível), ante 9,5% ao ano no final do ano passado e 11% no final de 2017.

As taxas de juros variam conforme os diferentes tipos de financiamento imobiliário. Aqueles realizados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e pela linha Pró-cotista (financiada pelo FGTS e destinada a trabalhadores com carteira assinada), costumam ser os mais procurados por aqueles que não se enquadram nas regras do programa Minha Casa Minha Vida.

Desde o final de outubro, o limite do valor do imóvel que pode ser financiado pelo SFH – que permite ao comprador usar o saldo das contas do FGTS – é de R$ 1,5 milhão.

Já as linhas do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) costumam ser direcionadas para imóveis mais caros e solicitadas por compradores que não conseguem se enquadrar nas regras do SFH e utilizar recursos do FGTS.

Os dados do BC mostram também que, em abril, a menor taxa média de mercado para financiamentos de imóveis foi a do Itaú. O Santander ficou em segundo lugar, seguido pelo Bradesco. Veja gráfico abaixo:

O que dizem os bancos

A Caixa segue como líder no mercado imobiliário, com participação ao redor 70%, mas até o começo do ano vinha perdendo a liderança para o Bradesco na concessão de novos empréstimos em linhas financiadas com recursos da caderneta de poupança e não subsidiadas pelo governo.

Desde março, entretanto, a Caixa voltou a assumir a liderança também neste segmento, segundo dados da Abecip, associação das instituições financeiras que atuam no setor.

Ao anunciar nova taxa mínima de 8,5% ao ano para imóveis residenciais enquadrados tanto no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) como no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, destacou que o banco “vinha perdendo mercado” e que com o movimento está “corrigindo essa defasagem”.

A Caixa disse ainda que daqui a duas ou três semanas irá anunciar a possibilidade de concessão de empréstimos com o índice de inflação (IPCA), como indexador – uma alternativa à TR –, e a opção de financiar pelas tabelas SAC ou Price.

O Banco do Brasil informou que monitora constantemente os movimentos de mercado e que “até o momento, não há definição sobre novas taxas”.

O Itaú disse que “no momento, não há previsão de novas mudanças nas taxas”.

O Santander e o Bradesco não comentaram.

Evolução do crédito imobiliário

Dados da Abecip mostram uma recuperação do crédito imobiliário no país. Nos 4 primeiros meses do ano, os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas de poupança atingiram R$ 21,4 bilhões, uma alta de 39,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2018, o volume total chegou a R$ 57,4 bilhões, um avanço de 33% em relação ao ano anterior e a primeira alta em três anos.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, avaliou em entrevista à GloboNews que a redução dos juros da Caixa pode contribuir para estimular o mercado de crédito imobiliário, mas lembrou que o financiamento de imóveis é uma investimento de longo prazo, cuja duração pode passar de 30 anos, e que depende não só de taxas mais atrativas como também de uma retomada da confiança do consumidor, que continua pressionada pelo elevado desemprego e piora das expectativas para o crescimento da economia brasileira.

Fonte: G1